A "Leveza" da Construção Sustentável
Um dos temas que cada vez mais está em cima da mesa quando se fala de sustentabilidade é o tema arquitetura, design e processos construtivos, que estão absolutamente interligados. Estes três ângulos só funcionam em perfeita sintonia se estiverem corretamente interligados e a fluírem entre si, permitindo que os processos de criação e construção sejam mais eficazes, mais económicos e mais amigos do ambiente.
Porque venho a pensar e a escrever sobre a "casa", no sentido lacto da palavra, do século XXI, quero destacar alguns dos materiais de construção já disponíveis ou que estão em estudo e que permitem criar uma casa mais amiga do ambiente. O primeiro desafio desta década é reunir tudo o que de melhor se faz na Europa a nível de técnicas e materiais sustentáveis num único código de boas práticas da casa sustentável. Tem que se colocar em prática um processo produtivo uniformizado que permita ter mais eficácia a preços mais baixos, num processo mais sustentável, permitindo ter uma casa mais amiga do planeta.
Criação, Construção e Vivencia são os três pilares que permitem de um ambiente micro (a casa, o edifício) transformar um ambiente macro (a cidades, o pais, o continente, o mundo).
Bioconcrete
Desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Delft, Paises Baixos, o bio cimento tem como principal caraterística a possibilidade de regenerar as fissuras através da bactéria bacillus pseudofirmus, que é capaz de produzir calcário e permanecer adormecida até 200 anos. Quando misturadas com o cimento produzem carbonato de cálcio e são capazes de selar as fissuras existentes. As bactérias são "ativadas" pela presença de água e oxigénio, o que acontece quando uma fissura começa a aparecer.
Bambu
O bambu é uma matéria prima já utilizada nos mais variados produtos, nomeadamente, portas, janelas, pavimentos, mobiliário, entre outros. Agora também está a ser utilizado como material substituto do aço quando se produz o cimento armado. Este é um material extremamente resistente, sustentável e disponível em grandes quantidades. Estão-se a fazer testes no laboratório Future Cities com novas espécies de bambu que apresentam uma resistência à tração 6 vezes maior que a do aço para que este possa ser massificado na utilização na construção, reduzindo assim o orçamento.
Telhado Verde
No telhado verde é aplicada uma camada vegetal sobre uma base impermeabilizada em PVC. Como as plantas refletem mais raios solares do que as telhas comuns protegem o edifício do calor. Os telhados verdes oferecem um excelente isolamento térmico e acústico para os edifícios.
A tecnologia é especialmente útil nos edifícios de cidades muito quentes, é possível dispensar a instalação de aparelhos de ar condicionado e poupar recursos e energia elétrica. Uma pesquisa do EnergySavers revelou que projetos com telhados verdes podem diminuir "ilhas" de calor nas grandes metrópoles.
Vidro inteligente
Com um simples toque pode controlar a transparência, a absorção de calor e que área do espaço que será iluminado. Em dias muito quentes basta ajustar os controles para que menos luz do sol passe pelo vidro. Este tipo de vidro pode ser utilizado no interior mas também no exterior. Estima-se que possa economizar mais de 25% os gastos com ventilação, iluminação e ar-condicionado.
Replast
Criado por uma empresa americana ByFusion, o tijolo REPLAST é produzido a partir da compressão dos restos de plástico em blocos modulares. Como são moldados em várias formas e vários encaixes não é necessário utilizar cola adesivos ou qualquer tipo de argamassa para garantir a sua fixação. O processo de fabricação não emite CO² e também não é tóxico. Normalmente os resíduos plásticos usados como matéria-prima são retirados dos oceanos.
Argamassa de argila
A argamassa feita com argila substitui o cimento na mistura da massa e pode ser usada em paredes internas para assentar os acabamentos. A vantagem é que é totalmente sustentável e tem um melhor desempenho termo-acústico. A argamassa de argila ainda impede o aumento excessivo de humidade nos ambientes mais húmidos por isso também pode ser utilizado como material isolante.
Tinta Ecológica
As tintas ecológicas são formuladas a partir de corantes e óleos totalmente naturais. Não há acréscimo de consumos derivados de petróleo ou uso de componentes sintéticos. Algumas tintas também são livres de Compostos Orgânicos Voláteis, os chamados COVs, que são prejudiciais para a saúde e contribuem para a destruição da camada de ozono.
Claro está que o preço de cada um destes materiais pode aumentar o orçamento da construção, mas cabe aos governos e a corretas políticas publicas, incentivar todos os intervenientes do processo até chegar ao consumidor final, para que a trocar produtos prejudiciais por produtos amigos do ambiente seja uma realidade, há que massificar. Só assim conseguimos atingir um volume de oferta necessário para que os preços sejam mais baixos e acessíveis a todos e a construção reduza o seu "peso", o seu impacto no meio ambiente, tornando-se muito mais "leve", mais amiga do ambiente.
Edgeland House – by Bercy Chen Studio
Fall House – Fougeron Architecture