O Tempo das Coisas
Nem tudo precisa de ser novo. Às vezes, basta continuar.
Há uma ternura em deixar as coisas envelhecer. Uma cadeira que já não é perfeita, um prato com uma lasca quase imperceptível, uma toalha antiga que se tornou ainda mais macia.
Chamamos-lhes “usadas”, mas talvez devêssemos dizer “vividas”.
O tempo imprime beleza onde a pressa só vê defeito. A madeira ganha brilho, o ferro oxida em tons de cobre, a cerâmica revela microfissuras como rugas de expressão. E há nisto qualquer coisa de profundamente humano: o imperfeito torna-se verdadeiro.
Vivemos cercados por objetos descartáveis, mas o luxo — o verdadeiro — é o da permanência. Um copo de cristal herdado, uma peça feita à mão, uma mesa que acompanhou várias casas. São âncoras. Lembram-nos que nem tudo precisa de ser substituído para continuar a ser belo.
Na casa, como na vida, há uma elegância em aceitar o que já é, as coisas belas não se medem pelo brilho, mas pela história que guardam.
























